quinta-feira, agosto 24, 2017

DESPOTISMO DO AMOR-um poema de MárciaMarko


DESPOTISMO DO AMOR


Faz algum tempo que lhe observo
Sei de cada passo seu
Sem você saber
Milhares de vezes você já foi meu
Meu doce amor
Meu doce sabor
Você aparece sem me alertar
Perturba-me
Azucrina-me
Meus afazeres não consigo efetuar
Provoca-me
Perpetrar nos meus pensamentos
A todo momento
Violentar-me
Qualquer dia vejo-me lhe arpoar
Faço o dia anoitecer
Faço a noite clarear
Quero capturar-te em uma emboscada
Fazer seu corpo estremecer
Estuprar-te
Despotismo
Abusar-te
Fique esperto
Vai dar certo
A qualquer instante
Eu e você...
Se engana, meu amor
O apanágio é meu
Pega-me
Agarra-me
Quem vai comer-te
Sou eu!
A garganta está do lado de cá
Vou engolir-te,
Deglutir-te
Entornar-te
Começar pela sua boca
Mentecapto, demente, alucinar
Delirante...
Um beijo sedento
Ardente
Duas línguas salivar
Alucinar
Lanço os talheres no chão
Quero degustar-te
Experimentar-te com as mãos
Sentir-te
Tocar-te
Apertar-te
Apalpar-te
Antes mesmo de alimentar-me
Primeiramente
Saciar meu apetite
Com o seu gosto
Em meu paladar
Lentamente deslizar...
Enlouquecer-me
A cada detalhe desataviado
Lamber
Os dois lados dos seus pomos
Poisar
Não tem como
Quero embatumar de você
Nutrição
Escanência da minha refeição
Descondensar sua carne
Conglutinar, difundir-te, alastrar-te
Descensionalmente até asir seu tranganho
Nobre, tosco, avantajado, vultoso
Sob meu domínio exposto
Delicadamente achocalhar
Disparar, tremular, bambalear, galear
Bailar, abalançar
Súbito, lépido, brincalhar
Folgaz...
Congeminar seu semblante ênfase
Ostentação...
Caras e bocas
Insânia, vesânia...
Suso dantes de uma explosão
Engulipar
Escrutar
Arremate da porção,
Órgão peroração...
Adentro da minha ingestão
Na nossa sede
Apetência,
Apetite volúpia
Prazer, aprazer
Gozar
Deliciados, saciados
Esta noite
Pelo nosso jantar...
Sobremesa?
Põe-mesa
Realiza-se a deleitar...






MárciaMarko

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